Definição

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano VI Número 63 - Março 2014

Tradução - Eduardo Miranda

oil on hardboard, 1970
Zdzisław Beksiński
A Arte de Traduzir

Poena Damni
Uma Nota sobre Traduzir a Trilogia de Dimitris Lyacos


por Shorsha Sullivan
tradução de Eduardo Miranda

"Bless thee Bottom, bless thee; thou art translated."
(A Midsummer Night's Dream, Act Three, Scene One)


A tradução serve a diversos fins. Era comum na Europa Ocidental imprimir uma tradução em Latim ao lado de textos gregos. Por que em Latim, naturalmente perguntaríamos, e não no idioma do país em questão, mas talvez a língua nativa seria uma espécie de meio caminho em admitir que o nosso grego não era assim tão bom como gostaríamos que fosse. A tradição continua em séries bilíngues como Loeb e Bude, onde claramente admitimos a necessidade de um berço. Mesmo podendo usar a linguagem estrangeira com competência suficiente para comer ou saber para onde vai o ônibus, lidar com um texto literário é algo completamente diferente; temos que desvendar uma teia onde os fios nos levam a examinar um contexto em constante expansão,uma processo que, se fosse possível, acabaria na necessidade de absorver toda uma cultura. Neste ponto podemos ver a tradução em um nível superficial e imediato, de palavras equivalentes, uma explicação da sintaxe de uma parte específica de um texto, mas também servindo como um comentário contínuo, uma exegese do texto estrangeiro. Entretanto, a maioria das traduções que lemos são de línguas que não conhecemos e talvez nunca conheceremos: "Então senti–me como um observador dos céus / Ao ver uma nova estrela mergulhar no mar da minha percepção/" – assim Keats responde ao ler Homero de Chapman, um poeta alheio à sua experiência, "até que ouvi Chapman falar em alto e bom som." É estranho que ele não tivesse lido Homero de Pope, muito mais próximo do seu tempo do que Chapman, mas é claro que se tratava de um Pope romântico do início do século XIX, parte de uma vilipendiada tradição poética. Literatura mundial é, obviamente, um enorme campo; para termos ao menos uma idéia, devemos usar as traduções. Neste ponto, a tradução tem que funcionar como uma peça independente de escrita: Agamenon de MacNiece e Fausto, Prometeu Acorrentado de Rex Warner, as excelentes traduções de Homero e Ésquilo por Fagles e Lattimore, todas podem ser apreciadas sem referência aos originais, embora reconsiderando o assunto, eu me pergunto se não haveria um vínculo entre o texto original e sua facilitação para o leitor na medida em que lança luz sobre dois lugares e tempos diferentes. "I do not love thee, Dr. Fell," é um engenhoso, elegante e simples epigrama Inglês do século XVIII, mas o quanto ele nos revela da Inglaterra do século XVIII e da Roma Marcial, se o considerarmos uma tradução.



Minha própria experiência como tradutor foi, no caso do Lyacos, facilitada por alguns fatos da vida: Ambos o autor e eu estávamos vivíamos em Brixton, uma parte interessante de Londres. Comecei a visitar seu apartamento, um ponto de encontro para um grande número de artistas e intelectuais, tomando café e discutindo com um grupo interessante de pessoas. Dessas visitas surgiu a idéia de fazer uma versão em Inglês de The First Death, que havia sido publicado em Atenas no início do ano, e já tinha sido vertido para o italiano. The First Death era na verdade a terceira parte de uma obra maior, a trilogia Poena Damni, The Punishment of Loss. Trata-se de um corpo desintegrando-se sobre uma ilha e tomando sua forma. Apesar de morto, ele passa pela tortura de sentir sua dissolução e corrupção, reconhecendo o pesadelo horrível de onde se encontra, examinando em sua consciência memórias vívidas da sua vida. A re-escrita mecânica secular do Inferno, e, como o Inferno, usando conceitos derivados da teologia tomista. E no fim não há fim, o corpo, a pessoa, decola da terra – para onde?



Dimitris estava organizando uma leitura na Fundação de Cultura Grega de alguns trechos do texto grego de The First Death, e sua a tradução italiana. Já que a leitura seria em Londres, pareceu-me uma boa idéia ter algumo do texto em Inglês para ajudar a parte não-grega da audiência a pelo menos desfrutar algumas das aventuras conceituais no trabalho, e talvez até mesmo suas acrobacias linguísticas. Para isso, montamos uma tradução improvisada das estrofes selecionadas na leitura. Descobrimos que o público gostou, e decidimos nos dedicar um pouco aos texto e produzir um trabalho sério. Assim começou uma longa série de reuniões semanais, às vezes mais frequentes para acelerar ou para lidar com certas dificuldades do trabalho. Eu detalho essa parte da história para enfatizar um ponto importante na elaboração das versões Inglesas: autor e tradutor trabalhando juntos desde o início. Na verdade muitos outros também o fizeram; conforme as pessoas chegavam ao apartamento eram imediatamente atraídas para a discussão do trecho sendo traduzido, e por que esta tradução exatamente, e a conversa logo se tornava um debate sobre a melhor palavra e como tentar reproduzir os padrões de métrica grega em estrofes mais simples. Naturalmente, a conversa logo se tornava muito menos séria, menos literária, especialmente porque nosso anfitrião era generoso na comida e na bebida, e um senso de diversão que contagiava e acabou por imperar em todas as nossas longas sessões. Isso para não dizer que não sabíamos estar fazendo algo útil e importante, mas "a alegria continuava fluindo."

Dando uma ropagem inglesa à The First Death significava antes de tudo, em um nível bastante elementar e superficial, que eu entendera as palavras das maravilhosamente metafóricas, líricas e ricamente texturizadas peças.& Uma obra difícil de escrever, uma sequência densa e concisa de imagens condensadas, linguisticamente diacrônica, exigindo muita atenção do leitor. Eu tentei me guiar nas expressões inglesas pelo valor fundamental da palavra grega, e então, tanto quanto possível, pegar o leque de significados associados à palavra, embora muitas vezes provou-se impossível. Após verter uma sequência de palavras em Inglês, tem-se que lutar contra a tendência da linguagem escrever-se em si mesma, e jogar a sentença de volta para o grego. Nesta fase eu traduzi erroneamente o grego "tarsos" (ossos do tornozelo) por torso, embora não fizesse sentido no contexto, mas eu acho que fui seduzido pela semelhança do som da palavra em Inglês, e o pior é que esse erro tolo passou por várias de nossas revisões e chega à versão final. E o grego se aproveitou de sua longa tradição de língua literária, desde a antiguidade pré-clássica até a era helenística, o Cristianismo Bizantino, e até o presente. A primeira estrofe trazia uma reminiscência de um naufrágio na Ilíada em um contexto totalmente diferente “fruit of a womb shipwrecked by the winds.” As palavras de abertura igualaram a superfície plana do mar com o aço; uma metáfora facilmente entendida em Inglês, mas Gregory Solomon destacou a desagradável sibilância do "sea of steel", por isso decidimos em "sea of iron". Não importa se em Grego ou Inglês, ferro e aço são coisas diferentes, com nomes diferentes, mas estávamos escrevendo poesia não um tratado na metalurgia. Onde era impossível trabalhar a amplitude de sentido no texto, usamos notas no final do livro, por exemplo, κοιταίων (koitaion), "bed-ridden" no texto tem também o sentido do covil de um animal. The un-nailing of my boyhood years", a palavra grega para "un-nailing" é também a palavra para "Deposition" a retirada do corpo de Cristo da Cruz, abrindo áreas de selvageria e sofrimento, mas também simpatia e compreensão. Então, nós desenvolvemos os nossos métodos; Primeiro, um esboço bem próximo do grego, não importa o quão deselegante em Inglês. Discussão neste nível eram apenas para certificar de que eu tinha entendido completamente o léxico e a construção do texto original. Segundo, a correção deste primeiro esboço, e em terceiro o desenvolvimento de uma versão anotada e corrigida que formaria a base para uma versão do texto em um Inglês que deveria soar natural para um nativo. Baseado nesta terceira versão discutíamos, às vezes ad infinitum. Em quarto lugar, submetíamos o texto a amigos desavisados, e devo mencionar principalmente Gregory Solomon, que muito generosamente dedicou tempo e energia para criticar todos os nossos projetos. Sua ajuda foi ainda mais valiosa, pois ele tinha um ouvido sensível para as cadências do Inglês e uma justa apreciação dos problemas de tradução. A quinta etapa era avaliar os comentários e decidir qual seria utilizado, até que finalmente tínhamos um texto que bom o suficiente para ser publicado.



Agora, o texto grego da segunda parte de Poena Damni, Nyctivoe, tinha sido lançado por uma editora artística privada em Hamburgo, juntamente com uma tradução alemã. Usaram uma fonte especial, que eles chamaram de Greek Gill, e produziram dois livros muito bonitos, um bilíngue, que vinha numa caixa especial. ERa muito diferente do Τhe First Death, um texto deliberadamente minimalista, construído com figuras retóricas, como elipses, retórica aposiopesis e anacolutos, e por isso a tradução em Inglês, neste caso, teria que diferir muito do The First Death. Eu já tinha visto o texto original, conforme crescia o número de rascunhos, e comparei pari passu com o Inglês provisório, de modo que ambos os textos evoluíssem juntos, e paradoxalmente, a tradução às vezes afetava o original. Nyctivoe, também, foi diferente, já que tomou a forma de drama, talvez até um oratório, com personagens falando partes, um narrador, e um coro; a ação tomando lugar em dois frames: um grupo de indigentes encenando um número num ponto abandonado da cidade, repleta de lixo industrial, e em seguida uma tomada interna feita pelo homem possuído no Evangelho de São Marcos, ferindo-se no cemitério "my name is Legion." (A peça mais tarde foi realizada por atores dirigidos por Piers Burton-Page e foi muito útil experimentar este tipo de publicação oral, que novamente deu argumentos mais tarde para suavizar a tradução). Pela primeira vez eu tive que lidar com lacunas no texto, palavras ou expressões deixadas em lugares estratégicos, que tiveram de ser abandonadas por vezes para se adequar à sintaxe estrangeira, além de partes menos impressionantes de algumas sentenças. Eu percebi o quão útil foi a inflexão gramatical de manter esse tipo sintaxe artística unida, e quão irritante os pronomes no caso nominativo podem ser, quando, geralmente, os gregos podem dispensá-los. Há citações de São Marcos e das epístolas, e elas são dadas a partir da versão do Rei James ". No entanto, eles colorem a linguagem do poema todo, trazendo uma sensação majestosa e hierática conforme se integram ao texto:
Narrator
……………………………………….
and truly if they had been mindful of that country
from whence they came out
they might have had opportunity to have returned;
but now they desire a better country,
that is a heavenly.
wherefore God is not ashamed
to be called their God
for he hath prepared for them a city

They have gone into the car,
Legion drags the cover shut

Chorus:
Crowned with bones and then they bloom
glasses of grey drunkenness
                   to melt with her
in the slime of each embrace, here
in the hollow garden she comes up to live
life twice to clasp memories in the
rotting palms
without breathing
on the edge of the pit
the wind troubles her flesh
you almost see the fallen body
it floods and takes heart again
is drawn near and
sinks in the mouth,
    ⁃    the end of his breathing.




A última parte publicada da trilogia, Z213:Exit saiu em Atenas em 2009. Partes da tradução têm saído em revistas, e vendo as palavras estáticas e insolente nas páginas das revistas sugeriu-nos outras imagens, em alguns casos afetando a tradução e, por vezes, o original também. O livro foi escrito em um estilo quase telegráfico, omitindo o desnecessário, como artigos e conjunções, usando uma forma de diário, em grande parte coloquial, simples, com as violações e as distorções da gramática. Tal como acontece com Nyctivoe eu tinha acompanhado o seu crescimento através de vários rascunhos, sempre, é claro, com um olho na tradução. O autor estava trabalhando em Atenas e Berlim, mas líamos trchos do texto por telefone, às vezes diariamente, mantendo a conversa por no máximo uma hora. Isto me era conveniente, pois eu sempre tive que ler em voz alta tudo o que escrevia a fim de obter o ritmo certo, e aqui os sons iam saindo direto dos meus pensamentos. O objetivo era dizer, o mais direto e simples possível, sobre um homem fugindo de um tipo de confinamento, e, em seguida, tentando evitar ser recapturado e levado de volta. Há referências a Nyctivoe e a The First Death. Os eventos que ele experimenta são geralmente os acontecimentos quotidianos de um Everyman contemporâneo, ele deve encontrar comida, abrigo, precisa dormir, fazer sexo, e assim por diante, mas há também conexões com as perseguições e busca dos judeus fugindo do Egito, o assédio e assassinato de Antígona, uma sensação constante e crescente de medo, a consciência de uma autoridade onipotente da qual não há escapatória. A linguagem é deliberadamente simples, embora em alguns lugares haja referências ao Velho Testamento, e estes tendem a decorar os contextos com matizes mais poéticas. Embora simples, a sintaxe é às vezes fraturada, e a tradução deve tentar seguir isto sem exigir muito do leitor. Um dos conceitos do texto é supor que ele está sendo composto pelo narrador / protagonista em qualquer que seja o papel que ele possa representar, em qualquer luz disponível, em qualquer recreio que ele se permita durante seu vôo. Isso resulta em lacunas e frases destacadas que sugerem para o leitor poemas fragmentários da antiguidade, e também, talvez, a respiração dura e interrompida de um fugitivo desesperado. Lendo esta primeira parte da trilogia, pareceu-me as partes estarem bem conectadas num todo satisfatório, eu poderia facilmente ver o fugitivo de Z213:Exit se tornando o homem no cemitério, o corpo se desintegrando na ilha.



Uma nota final sobre a tradição da poesia grega moderna: Poetas como Cavafy e Seferis estão solidamente arraigados na língua inglesa, pois embora sejam gregos, circulam facilmente no modernismo europeu. Poderíamos compará-los com escritores como Papadiamantis, cuja preocupação com a vida da aldeia resulta numa Romiosine que perde o gosto na tradução; e ainda Macryiannis, o herói da independência grega, escrevendo para garantir que as glórias e os horrores da revolução não sejam esquecidos. O caso de Lyacos difere de ambos: ele nos fala como seres humanos do ponto de vista quase não-local, usando a tradição ocidental, mas não comprometendo-se a qualquer lado; aqui, diferentes contextos se fundem uns nos outros, o meu objetivo foi o de tentar trazer um pouco disso para o Inglês; eu tentei chegar a uma versão que fizesse sentido no contexto de nossa própria tradição. A questão permanece: Poderia esta versão ter sido produzido originalmente em Inglês?



Shorsha Sullivan nasceu em Dublin em 1932. Estudou os Clássicos em Leeds, RU, e passou a maior parte de sua vida trabalhando na Inglaterra. Tem um interesse especial no teatro grego moderno e em poesia.

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